quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Dragon Dreaming = um método holístico para a implementação de projetos criativos, colaborativos e sustentáveis. Construção de COMUNIDADES de AUTO EDUCAÇÃO para gestar um MUNDO MELHOR



"We are the people, we are waiting for" (Hopi-prophecy)  
“Nós somos o povo, por quem estávamos esperando" (profecia Hopi)

Descoberta, muito agradável, via contato com pessoas que participaram, ontem, de:  (mais exemplos de como estes tipos de iniciativa compõem o Espirito de Nosso Tempo ("zeitgeist"))
Festival de Ideias-Cocriações 2013
Centro Ruth Cardoso  <= (planejo estar aqui, esporadicamente – 23/01/2012)
Horário: das 16h às 22h
Rua Pamplona, 1005 – 1° andar – Jardins, São Paulo

What is Dragon Dreaming?


Dragon Dreaming is a holistic method for the implementation of creative, collaborative, sustainable projects. 
The dream of a peacefull world and the awareness of the global challenges in our society are diving us. Within, personal growth of every single person, community building and an active responsibility for our earth are same weighted in the focus.
Dragon Dreaming is for dreamers and pragmatists, for warriors and discouraged, for optimists and idealists, for philosophers and nature lovers, for spiritual people and seekers.
Dragon Dreaming wants to create awareness for the connection with all life - wants to live cooperation, responsibility, interconnection - for transformation towards a peaceful, safe and sound world.

O que é Dragon Dreaming?
Dragon Dreaming é um método holístico para a implementação de projetos criativos, colaborativos e sustentáveis.
O sonho de um mundo pacífico e a consciência dos desafios globais de nossa sociedade está se aprofundando em nós. Intimamente, o crescimento pessoal de cada pessoa, a construção de comunidades e uma responsabilidade ativa para com nossa Terra tem o mesmo peso neste foco.
Dragon Dreaming é para sonhadores e pragmáticos, para os guerreiros e desanimados, para os otimistas e idealistas, para os filósofos e amantes da natureza, para as pessoas espirituais e buscadores.
Dragon Dreaming quer criar o despertar para a conexão com toda a vida - quer viver a cooperação, a responsabilidade, a interligação - por uma transformação em direção a um mundo pacífico, seguro e sadio.

A natureza de um Projeto Gaia
ARTIGO 6
A natureza de um Projeto Gaia
por John Croft
tradução de Roberta Thomaz Bruscagin – revisão, nesta mensagem, de Claudio Estevam Próspero
http://dragondreamingbrasil.blogspot.com.br/p/artigos.html

Introdução
Dragon Dreaming vive através dos projetos com os quais se compromete e apoia – se por alguma razão os projetos pararem, Dragon Dreaming deveria, de forma sensata, parar também.

Mas o que constitui um projeto? Como os projetos começam e como você ou outras pessoas poderiam se envolver em um Projeto Gaia, da Dragon Dreaming?

A palavra projeto literalmente significa “arremessar, projetar” – é um verbo e também pode ser um substantivo. Dragon Dreamers são “ativistas” e os Projetos Gaia existem como “ações”, e provavelmente tem mais em comum com o significado verbal da palavra “projeto” do que com o significado substantivo (o que se tem a intenção de fazer) da palavra.

Você pode vir a nunca entender algo até que você tente muda-lo. À medida que você muda você se descobre. À medida que você muda o mundo você descobre o mundo. Seu projeto de vida é o caminho através do qual, enquanto você está se transformando, você simultaneamente está transformando o mundo.

Começa com a intenção. Para o Gaia Foundation, da Austrália ocidental:

“Nossa intenção é capacitar carinhosamente a nós e aos outros para conhecermos a unidade com Gaia, a Terra viva, através de tomada de medidas corajosas e alegres, agora”.

Mas se um projeto Gaia tem esse sentido, o que é essa “ação” que é “arremessada” dessa forma? Um projeto Gaia pode ser definido como:

"Qualquer série de tarefas ou atividades, realizadas por qualquer pessoa, que ajuda a criar uma visão ou alcançar uma meta para o futuro de acordo com seus objetivos."

O que é “arremessado” no projeto é a intenção dos iniciadores, ou a visão da diferença que o projeto poderia causar, nas suas próprias vidas, e nas vidas dos outros que se envolvem.

Assim todos os Projetos Gaia começam como o sonho de uma pessoa, que tem como objetivo fazer a diferença no mundo. Mas isso é provavelmente a verdade de qualquer projeto, bem como, a natureza de um Projeto Gaia.

Para ser um Projeto Gaia, o projeto tem que atender a três objetivos simultaneamente:

• Primeiro ele tem que ser um projeto de crescimento pessoal, para as pessoas que estão e estarão envolvidas. O projeto almeja ampliar nossas capacidades e nos permitir viver em maior medida para além de nossos limites auto-impostos, fora de todo o potencial que temos como seres humanos. Isso significa que o projeto tem que ter um compromisso com a sua cura e o seu empoderamento, seu e das outras pessoas que se envolvem.

• Segundo ele tem que ser um projeto de construção comunitária – fortalecendo as comunidades de que você faz parte. Comunidade é um termo que frequentemente tem sido usado com certo abuso em casos em que as comunidades não existem de fato. Nós olharemos o verdadeiro significado da palavra “comunidade” posteriormente. Por agora vamos dizer que comunidades das quais somos membros são sempre mais do que humanas.

• Terceiro, ele tem que ser um projeto a serviço da Terra – melhorando o bem-estar e a prosperidade de toda a vida. A Terra nos dá tanto que tendemos a considera-la como um direito adquirido. Como Daniel Quinn sugere, nossa cultura é a cultura dos “Pegadores”, não dos “Leavers” ou “Doadores”. Projetos Gaia objetivam reverter isso, para devolver a Terra, em gratidão pelo que a Terra tem nos dado.

[Referências acrescentadas ao texto]
escoladeredes.net/group/bibliotecadanielquinn/forum/.../alem-da-civilizacao
14 jan. 2010 ... [Inovação necessária] Tribalismo étnico => Civilização de conquista => ? 
Publicado por Claudio Estevam Próspero em 8 abril 2009 às 8:37 em ...

escoladeredes.net/profiles/blogs/alem-da-civilizacao
29 mar. 2009 ... Foi uma grata surpresa encontrar na Biblioteca E=R um link para esta obra de 
Daniel Quinn. Tive a oportunidade de ler, já há alguns anos, ...

escoladeredes.net/group/bibliotecadanielquinn - Em cache
Escola de Redes ... QUINN, Daniel (1999): Além da civilização. QUINN ... Além 
da Civilização - Comentários e Extratos para estudo compartilhado 5 respostas ...

Nesse sentido qualquer ação que busca esses três objetivos, e aja além da intenção de homens e mulheres comuns, pode ser chamada de Projeto Gaia.

Os projetos podem ser de três tipos:

1. Primeiramente, há projetos que são realizados desde o início como “um projeto Gaia”. Estes são projetos que as pessoas podem iniciar e que estão desde o início sendo considerados por eles e pelos outros como “projetos” de Gaia. Eles podem se anunciar como um "Projeto Gaia" para outras pessoas que estiveram envolvidas em atividades de projetos Gaia no passado, e assim, podem recorrer a outros recursos, de outros projetos, ou recorrer a outras pessoas, envolvidas em outros projetos por sua vez.

2. Em Segundo lugar, há projetos que podem não começar como “um projeto Gaia”, mas como projetos em que os Membros Gaia emprestam apoio pessoal de alguma forma, como se fossem todos membros da mesma organização. Dessa maneira, o projeto pode ser desenvolvido por alguns membros que cumprem os objetivos da organização, embora em todos os outros sentidos o projeto seja independente dessa organização. Em tais casos, às vezes, a organização pode desejar o patrocínio ou tentar usar alguns dos recursos de outros Projetos Gaia, para garantir seu sucesso.

3. Finalmente, há projetos que parecem não ter nada a ser feito com o processo Dragon Dreaming. Eles podem ser iniciados por outras organizações, para seus próprios fins, e como membro você decide dar suporte a este projeto como seu próprio projeto de crescimento pessoal, construção comunitária e serviço a Terra. Nesses casos, cabe ao indivíduo envolvido decidir se ele ou ela informa os outros membros do projeto que eles estão engajados em um projeto Gaia pessoal.

Aqui estamos preocupados apenas com o primeiro tipo de Projeto Gaia, embora o que se segue possa ser objeto de consideração para os Membros Gaia e até mesmo para outras pessoas envolvidas em outros tipos de projetos também.


COMO OS PROJETOS SE INICIAM

Todo projeto que já começou foi o resultado de um profundo encontro na comunidade, um encontro entre um "eu" individual e o ambiente de seu "mundo", um mundo que é considerado "não-eu" ou "outro". Esse encontro se é para ter sucesso requer uma contribuição, um “input” de ambos o “eu” e o “mundo”. Ao mesmo tempo, se é para ser verdadeiramente bem sucedido ele provoca uma mudança, ou um desenvolvimento do “mundo”, simultaneamente produzindo uma mudança, ou uma educação, no “eu’ do individuo. Dessa forma “desenvolvimento comunitário” e “auto-educação” são imagens espelhadas e opostas, um – “desenvolvimento” - sendo o que acontece no mundo como resultado de um projeto e outro - “educação” - sendo o que acontece ao individuo.

A natureza desse desenvolvimento é frequentemente mal compreendida. “Desenvolvimento” é uma palavra mal empregada na linguagem moderna, sendo que muitos “projetos de desenvolvimento” são, na realidade, nada mais que formas de profunda destruição e danos – estragos em um lugar, em uma comunidade e muitas vezes na própria natureza dos indivíduos que estão envolvidos.

Na realidade, a fim de descobrir a verdadeira natureza do desenvolvimento nós precisamos retornar para os verdadeiros significados da palavra.

A palavra “desenvolvimento” é constituída por três elementos:
• des- = prefixo que significa “remover”, “libertar” ou “soltar
• envolve = do Latin volupe na queda de Roma, significando “aquelas coisas que nos colocam para baixo
• -mento = sufixo que significa “o processo de

Então desenvolvimento pode ser definido como “o processo que nos liberta dos fatores que nos mantem pra baixo”. Desenvolvimento verdadeiro, por sua própria natureza envolve libertação e liberdade, fatores que nós iremos voltar a considerar mais tarde.

Assim como nós não entendemos a natureza do desenvolvimento, nós também não entendemos a natureza do processo de educação. As pessoas confundem educação com instrução, embora as duas sejam a mesma.

Instrução do verbo instrúere que se formou do prefixo in- e do verbo strúere, no itálico vinculado ao tema STREU, alargamento de grau zero da raiz indo-européia STER- cuja acepção era a de “estender, espalhar”. Na língua de Cícero, strúere era entendido semanticamente como “amontoar materiais, ajuntar”. É um processo baseado na premissa da ignorância de um aprendiz e do conhecimento do instrutor, uma transferência de aprendizagem que também tem o significado de “disciplinar, colocar sob controle, deliberadamente treinar ou acostumar”. Muitas pessoas erroneamente acreditam que a educação termina quando a instrução formal também acaba. Isto está longe da verdade. A educação é - sempre tem sido - e sempre será - um processo vitalício, desde o berço até o túmulo.

A palavra educação vem de
• e-ducare = latim - verbo com sentido de “criar”. Etimologicamente significando “trazer à luz a ideia”, ou ainda, “tirar o que está dentro”.
• -ção = sufixo significando “a ação de”

Educação, portanto, significa “ação de alcançar o potencial interior”, ao invés de ter algo adicionado por meio da instrução ou do treino.

Nós precisamos reconhecer que a educação vem em três tipos distintos

1. Instrução formal – estruturada entre a pré-escola ou jardim de infância, primário, secundário, terciário e sistemas educacionais profissionalizantes. Esse sistema de ensino é pago por dinheiro publico ou privado arrecadado com o propósito de “educar”.

2. Educação informal ou eventual – estruturada através de noticias midiáticas e documentais, da aprendizagem no trabalho e da aprendizagem que ocorre com a participação no dia-a-dia da vida social na comunidade.

3. Educação não-formal 
– é a educação que acontece pelo ato de engajamento, levando a uma reflexão entre pensamento e ação e de volta ao pensamento, numa “práxis” reflexiva, um processo chamado pelo educador brasileiro Paulo Freire de “conscientização”.

Um Projeto Gaia pode, a partir deste ponto de vista, ser visto como um projeto de Educação Não-Formal, embora ele possa ocorrer no contexto formal e informal.

O processo de educação e desenvolvimento sempre ocorre melhor em comunidades, que ao mesmo tempo produz e é produzida por esses dois processos. A palavra comunidade é também largamente usada e frequentemente mal utilizada, de maneira que tiraram da palavra muito de seus significados. Os políticos em particular gostam dessa palavra. Hoje, o que é dito ser comunidades não é, sendo, na realidade, meras coleções acidentais de pessoas que têm algo em comum, como se essa fosse a origem da palavra. Mas esta coletividade acidental não é realmente uma comunidade.

Assim como desenvolvimento, comunidade é composta de três elementos:
• com- = sufixo Latim que significa “com”, “junto” ou “em conjunto”
• -muni- = novamente uma palavra antiga do Latim, vinda do Indo-Europeo, que significa “um presente”, ou “uma ligação recíproca” ou “troca”
• - dade = do Latim –atis, que significa formar ou ter a qualidade de ou condição

Então comunidade pode ser definida como “aqueles com quem nós temos uma recíproca doação de presentes”, ou “as ligações locais ou trocas que nos deixam juntos”.

Uma verdadeira comunidade é, por isso, caracterizada pela qualidade da comunicação dos seus membros. É uma comunicação respeitosa, favorável e generosa – porque apenas quando a comunicação tem estas qualidades nós podemos dizer que uma comunidade, na realidade, existe. Agora é fácil ver porque temos tão poucas comunidades hoje em dia, ou porque as condições modernas de anonimato, em que tudo é comprar ou vender, ao invés de ser presenteado ou doado, são tão destrutivas para a comunidade.

Projetos Gaia são construídos ao redor desse conceito de “comunidade autêntica”. Qualquer um envolvido num Projeto Gaia está envolvido em um profundo sentimento de presentear – para eles mesmos; em sua própria educação e auto-desenvolvimento – uns aos outros; em construir uma sensação de comunidade - e - ao resto do mundo do qual eles fazem parte.

Assim essa primeira dimensão, do eu-outro, ou individuo-comunidade-ambiente, nos fornece um modelo unidimensional de um projeto. Ele nos leva a considerar naturalmente uma segunda dimensão de um projeto baseado na “conscientização” – o reflexo de pensamento-ação ou teoria-prática.

Qualquer projeto baseado em ação, ou prática, sem levar em consideração “pensar sobre o mundo”, é cego. Similarmente, aqueles projetos baseados exclusivamente e apenas no pensamento ou na teoria, que nunca levam a uma ação ou prática, são irrelevantes. Os projetos que são mais bem sucedidos, sempre são aqueles que chegam a uma melhor integração entre teoria e prática.

Como antes, há uma série de trocas recíprocas entre o projeto e a teoria e a prática. Os indivíduos sempre iniciam um projeto com uma compreensão teórica de como as palavras do mundo dizem que o mundo é – uma visão baseada no senso comum cultural que eles acumularam durante o curso de suas vidas. Esta visão do senso comum do que é real é, entretanto, uma forma de delírio consensual. Outras realidades são possíveis, de fato a realidade de qualquer um é uma construção pessoal – e duas pessoas não vivem no “mesmo mundo” – assim como seu ponto de vista é feito a partir de sua própria experiência. Algumas dessas experiências vêm antes do nascimento, na natureza de sua experiência no útero, outras vêm da pré-infância, de sua família de origem, de experiências na escola e com os colegas. Camada sobre camada é construída, e dessa forma nós eventualmente construímos um modelo interior de como acreditamos que o mundo funciona. Neste modelo de mundo nós implantamos uma “auto-imagem” – um modelo de nós mesmos. Isso compreende o mundo que habitamos. Nossas ações são moldadas, não pelo que verdadeiramente acontecerá, mas pelo que nós acreditamos que irá acontecer. Nossa “auto-imagem” também determina o que nós acreditamos sermos capazes de fazer, de quem nós acreditamos sermos capazes de ser.

Estabelece um teto, contra o qual estamos continuamente nos medindo e nos limitando. Assim, a "auto-imagem" de cada um de nós é construída a partir de um pré-julgamento, é literalmente uma forma de "pré-julgamento". Na verdade, é a pior forma de preconceito, muito mais prejudicial do que qualquer racismo ou sexismo. Ao contrário destes últimos, por conta do preconceito que temos contra nós mesmos - é a única forma de preconceito da qual nunca escapamos. Mas, o desenvolvimento, como vimos, promete libertação - e o Projeto Gaia oferece uma forma de libertação.

Essa é a natureza essencial de um Projeto Gaia. Assim que alguém se engaja no projeto começa a contribuir a partir de dentro da segurança de sua própria visão pré-existente de si e do mundo. Mas o processo de envolvimento transformará ambas as visões. Ninguém que completa um projeto é a mesma pessoa que era quando começou – uma transformação mensurável ocorreu.

Não é apenas uma transformação de pensamentos ou das teorias nas quais nós vivemos nossas vidas. É também uma transformação de nossas habilidades, as práticas e ações pelas quais vivemos nossas vidas. O que um ser humano é capaz de fazer? Quem você é capaz de ser? Você sabe? Quando alguém estuda história, encontra inumeráveis exemplos de pessoas que alcançaram coisas incríveis. Estamos presos em um momento de crise histórica onde nós estamos sendo chamados a ir adiante, para ser o que nascemos para nos tornarmos – agentes do processo pelo qual o Universo se transforma, alcançando assim sua própria salvação.

Todo Projeto Gaia, não importa se grande ou pequeno, tem seu potencial transformador.

CONSTRUINDO A ESTRUTURA PARA SEU PROJETO

Central para nossa concepção de mundo é um modelo de poder. Desde a era dos antigos gregos, nós, no Ocidente, acreditamos que aquelas coisas que são reais tem uma capacidade de resistir. O que é efêmero é visto como não real, algo que é apenas transitório. Na física clássica, por exemplo, objetos materiais eram reais. Forças são aplicadas a esses objetos para leva-los a mudarem de posição. A aceleração produzida é alcançada através da aplicação de força, e energia foi vista como a capacidade de fazer esse trabalho. Gregory Bateson, o pensador dos sistemas argumentou:

"O mito do poder é, é claro, um mito muito poderoso; e, provavelmente, a maioria das pessoas nesse mundo acredita nele, mais ou menos... Mas ainda é uma loucura epistemológica e leva inevitavelmente a todo tipo de desastre... Se continuarmos a operar em termos de um dualismo Cartesiano da mente versus matéria, nós também veremos provavelmente o mundo em termos de Deus versus homem; elite versus pessoas; raça escolhida versus as outras; nação contra nação e homem versus ambiente. É duvidoso que uma espécie, tendo uma tecnologia avançada e esta estranha forma de olhar o mundo, possa resistir ...

O todo do nosso pensamento sobre quem somos e o que outras pessoas são tem que ser reestruturado. Isso não é engraçado, e eu não sei quanto tempo nós teremos para faze-lo. Se continuarmos a funcionar nas premissas que foram moda durante a era Pré-cibernética, e que foram especialmente delineadas durante a Revolução Industrial, que parece ter validado a visão Darwiniana de sobrevivência, nós podemos ter 20 ou 30 anos antes da lógica reductio ad absurdum de nossas antigas posições nos destruírem. Ninguém sabe quanto tempo temos, sob o atual sistema, antes que algum desastre, mais grave do que a destruição de qualquer grupo de nações nos atinja. A tarefa mais importante hoje é, talvez, a de aprender a pensar de um jeito diferente.”

As duas dimensões separadas apresentadas acima, quando combinadas, nos fornecem o tipo de conexão cibernética entre a situação do mundo e como nós o vemos. Por exemplo, pegue as duas dimensões separadas e as sobreponha, uma em cima da outra. Você ganha um modelo sintético deempoderamento que irá ajudá-lo a tornar qualquer projeto que você faça de muito sucesso.

Esse é o começo da jornada que fará você transformar seu sonho em realidade. Sonhos você segura na palma de suas mãos. Dragon Dreaming ajudará na mudança do seu poder para transformar este sonho em realidade.



segunda-feira, 15 de agosto de 2011


Curso Intensivo com John Croft em São Paulo!

Dragon Dreaming é uma forma de fazer com que nossos sonhos se tornem realidade, executando projetos de vida de forma simples e transformadora. Uma possibilidade de transitar entre o pragmático e o lúdico, o fazer e o celebrar, o captar recursos e o realizar.

Em outubro, reuniremos pessoas que buscam formas efetivas de implantar projetos sociais com sucesso para conhecer esta ferramenta, que nos será apresentada pelas mãos de seu próprio criador, John Croft, e de Ita Gabert, educadora e facilitadora do processo.

Você que faz parte de ONGs, Órgãos Públicos, Cooperativas, Associações, Coletivos ou simplesmente tem um sonho de criar um mundo melhor é nosso convidado especial!


John Croft - Professor Universitário, consultor e co-fundador da Fundação Gaia da Austrália Ocidental, John foi professor universitário e consultor na construção da comunidade e de ações voltadas o meio ambiente. É o criador do Dragon Dreaming. Nos últimos 20 anos, John Croft executa workshops para apresentar a ferramenta, fruto de sua própria experiência e das trocas pelos lugares por onde passou.

Ita Gabert - Educadora e terapeuta psico-corporal, especializou-se em novas técnicas sociais; alemã, morou 8 anos no Brasil e reside na Ecovila Sieben Linden na Alemanha desde 2002.


Temas:

Curso Básico

• a gratidão como base de tudo;

• do sonho ao planejamento;

• uma comunicação carismática;

• construindo o sonho coletivo;

• o processo de mudança;

• do planejamento à ação;

• criando objetivos e indicadores;

• acompanhando, evoluindo e celebrando as conquistas do projeto.

 

Aprofundamento

• a natureza profunda da celebração partindo da gratidão;

• escuta ativa;

• comunicação carismática;

• a roda da efetividade;

• integrando teoria e prática;

• diagnóstico da zona de conforto pessoal;

• introdução à teoria dos sistemas vivos;

• análise de uma rede de temas para projetos e descoberta do que juntou o grupo;

• conduzindo um "círculo de sonho“;

• entendendo mudança e virada;

• entendendo e praticando o planejamento;

• análise do campo de forças;

• criando objetivos e alvos;

• planejamento estratégico;

• o Karabirrdt: tabuleiro do jogo;

• da realização para a celebração;

• delegando tarefas;

• criando compromisso;

• criando orçamento;

• avaliação e celebração;

• conquistas e melhorias possíveis.

 

 

Captação Empoderada de Recursos

• a função do dinheiro e as suas contradições;

• reconstrução da economia de dádivas;

• exercitando a comunicação carismática;

• exploração do ponto de equilíbrio;

• alternativas de captação de recursos;

• a experiência Hyden;

• a natureza do presentear ‐ além do pedir;

• escolhendo o parceiro (buddy);

• follow up ‐ criando relações;

• lidando com estruturas e hierarquias;

• seguindo o fluxo ‐ encerrar e começar de novo.



sábado, 19 de janeiro de 2013

UMA ESTÓRIA DE CARÍCIAS - Claude Steiner

UMA ESTÓRIA DE CARÍCIAS

Neste conto, Claude Steiner, com muita sabedoria e ternura, sintetiza muitas idéias sobre Carícias.

Era uma vez, há muito tempo, um casal feliz, Antonio e Maria, com dois filhos chamados João e Lúcia. Para entender a felicidade deles, é preciso retroceder àquele tempo.

Cada pessoa, quando nascia, ganhava um saquinho de carinhos. Sempre que uma pessoa punha a mão no saquinho podia tirar um Carinho Quente. Os Carinhos Quentes faziam as pessoas sentirem-se quentes e aconchegantes, cheias de carinho. As pessoas que não recebiam Carinhos Quentes expunham-se ao perigo de pegar uma doença nas costas que as fazia murchar e morrer.

Era fácil receber Carinhos Quentes. Sempre que alguém os queria, bastava pedi-los. Colocando-se a mão na sacolinha surgia um Carinho do tamanho da mão de uma criança. Ao vir à luz o Carinho se expandia e se transformava num grande Carinho Quente que podia ser colocado no ombro, na cabeça, no colo da pessoa. Então, misturava-se com a pele e a pessoa se sentia toda bem.

As pessoas viviam pedindo Carinhos Quentes umas às outras e nunca havia problemas para consegui-los, pois eram dados de graça. Por isso todos eram felizes e cheios de carinhos, na maior parte do tempo.

Um dia uma bruxa má ficou brava porque as pessoas, sendo felizes, não compravam as poções e ungüentos que ela vendia. Por ser muito esperta, a bruxa inventou um plano muito malvado. Certa manhã ela chegou perto de Antonio enquanto Maria brincava com a filha e cochichou em seu ouvido: "Olha Antonio, veja os carinhos que Maria está dando à Lúcia, se ela continuar assim, vai consumir todos os carinhos, e não sobrará nenhum para você". 

Antonio ficou admirado e perguntou: "Quer dizer então que não é sempre que existe um Carinho Quente na sacola?” E a bruxa respondeu: "Eles podem se acabar e você não os ganhará mais". Dizendo isso a bruxa foi embora, montada na vassoura, gargalhando muito.

Antonio ficou preocupado e começou a reparar cada vez que Maria dava um Carinho Quente para outra pessoa, pois temia perdê-los. Então começou a se queixar a Maria, de quem gostava muito, e Antonio também parou de dar carinhos aos outros, reservando-os somente para ela.

As crianças perceberam e passaram também a economizar carinhos, pois entenderam que era errado dá-los. Todos ficaram cada vez mais mesquinhos.

As pessoas do lugar começaram a sentir-se menos quentes e acarinhados e algumas chegaram a morrer por falta de Carinhos Quentes.

Cada vez mais gente ia à bruxa para adquirir ungüentos e poções. Mas a bruxa não queria realmente que as pessoas morressem porque se isso ocorresse, deixariam de comprar poções e ungüentos: inventou um novo plano. Todos ganhavam um saquinho que era muito parecido com o saquinho de Carinhos, porém era frio e continha Espinhos Frios. Os Espinhos Frios faziam as pessoas sentirem-se frias e espetadas, mas evitava que murchassem.

Daí para frente, sempre que alguém dizia "Eu quero um Carinho Quente", aqueles que tinham medo de perder um suprimento, respondiam: "Não posso lhe dar um Carinho Quente, mas, se você quiser, posso dar-lhe um Espinho Frio ".

A situação ficou muito complicada porque, desde a vinda da bruxa havia cada vez menos Carinhos Quentes para se achar e estes se tornaram valiosíssimos. Isto fez com que as pessoas tentassem de tudo para consegui-los.

Antes da bruxa chegar as pessoas costumavam se reunir em grupos de três, quatro, cinco sem se preocuparem com quem estava dando carinho para quem. Depois que a bruxa apareceu, as pessoas começaram a se juntar aos pares, e a reservar todos seus Carinhos Quentes exclusivamente para o parceiro. Quando se esqueciam e davam um Carinho Quente para outra pessoa, logo se sentiam culpadas. As  pessoas que não conseguiam encontrar parceiros generosos precisavam trabalhar muito para obter dinheiro para comprá-los.

Outras pessoas se tornavam simpáticas e recebiam muitos Carinhos Quentes sem ter de retribuí-los. Então, passavam a vendê-los aos que precisavam deles para sobreviver. Outras pessoas, ainda, pegavam os Espinhos Frios, que eram ilimitados e de graça, cobriamnos com cobertura branquinha e estufada, fazendo-os passar por Carinhos Quentes. Eram na verdade carinhos falsos, de plástico, que causavam novas dificuldades. Por exemplo, duas pessoas se juntavam e trocavam entre si, livremente, os seus Carinhos Plásticos. Sentiam-se bem em alguns momentos, mas, logo depois sentiam-se mal. Como pensavam que estavam trocando Carinhos Quentes, ficavam confusas.

A situação, portanto, ficou muito grave.

Não faz muito tempo uma mulher especial chegou ao lugar. Ela nunca tinha ouvido falar na bruxa e não se preocupava que os Carinhos Quentes acabassem. Ela os dava de graça, mesmo quando não eram pedidos. As pessoas do lugar desaprovavam sua atitude porque essa mulher dava às crianças a ideia de que não deviam se preocupar com que os Carinhos Quentes terminassem, e a chamavam de Pessoa Especial.

As crianças gostavam muito da Pessoa Especial porque se sentiam bem em sua presença e passaram a dar Carinhos Quentes, sempre que tinham vontade.

Os adultos ficavam muito preocupados e decidiram impor uma lei para proteger as crianças do desperdício de seus Carinhos Quentes. A lei dizia que era crime distribuir Carinhos Quentes sem uma licença. Muitas crianças, porém, apesar da lei, continuavam a trocar Carinhos Quentes sempre que tinham vontade ou que alguém os pedia. Como existiam muitas crianças parecia que elas prosseguiriam seu caminho.

Ainda não sabemos dizer o que acontecerá. As forças da lei e da ordem dos adultos forçarão as crianças a parar com sua imprudência?

Os adultos se juntarão à Pessoa Especial e às crianças e entenderão que sempre haverá Carinhos Quentes, tantos quantos forem necessários?

Lembrar-se-ão dos dias em que os Carinhos Quentes eram inesgotáveis porque eram distribuídos livremente?

Em qual dos lados você está?

O que você pensa disto?

Dê-me um afago ....

Você já observou que às vezes tem necessidade de um abraço, de um carinho, ou mesmo de que alguém o pegue no colo?

Harlow, em "Amor em filhotes de macacos", relata uma experiência em macacos recém-nascidos que o levaram à conclusão de que: "A estimulação tátil é tão importante quanto o alimento no desenvolvimento dos comportamentos.”

Essas experiências foram realizadas colocando cada macaquinho frente a duas mães substitutas, sendo que uma era de arame e outra de pano.

Essas foram algumas das observações de Harlow: os macaquinhos afeiçoaram-se à mãe de pano e ainda que a mamadeira estivesse no peito da mãe de arame, os símios somente saciavam sua fome e logo depois voltavam para a mãe de pano.

Quando na gaiola era colocado um estímulo que produzia medo, os macaquinhos corriam para a mãe de pano; junto à mãe de pano, o macaquinho se sentia mais seguro para arriscar-se e explorar o meio ambiente, mesmo na presença de um estímulo de medo.

Um macaquinho quando criado em solidão apresentava um quadro muito grave, evitava todo contato social, parecia sempre muito amedrontado, tinha uma postura de encolhimento e de abraçar-se a si mesmo.

Se esse quadro durasse mais um ano, tornava-se praticamente irreversível. A estimulação tátil, além de significar algo gostoso, afetuoso e propiciar sensação de proteção e segurança, fornece material para o indivíduo criar uma identidade.

Qualquer afago ...

É importante termos consciência de que qualquer forma de estímulo leva o indivíduo a perceber-se vivo ...

Que serve como um fator de equilíbrio da pessoa, ainda que por vezes instável.

Levine realizou uma série de experiências com ratos e chegou à conclusão de que qualquer estímulo, ainda que seja negativo, é melhor do que o abandono.

O pesquisador separou-os em três grupos: o primeiro era colocado em uma gaiola e submetido a choques elétricos todos os dias, na mesma hora, por um certo tempo; e o segundo grupo também era colocado na gaiola de choques, todos os dias, à mesma hora, pelo mesmo período de tempo, mas não recebia os choques. O último grupo era deixado na gaiola permanentemente sem ser sequer manuseado.

Para surpresa de Levine, não havia, no final da experiência, grande diferença no comportamento dos dois primeiros grupos, enquanto que o terceiro, que não recebia qualquer estímulo, comportou-se de forma bastante diferente. Quando colocados em ambientes estranhos, que lhes causavam tensões, os ratinhos do grupo que não recebia estímulos agacharam-se no canto da caixa, amedrontados e sem qualquer curiosidade para explorar; os que estavam habituados à tensão (choque elétrico) no entanto, exploravam o ambiente, tanto quanto aqueles que não receberam choque.

A estimulação positiva ou negativa, como nos mostra Levine, acelera o funcionamento do sistema glandular supra-renal, que desempenha um papel importantíssimo no comportamento dos animais adultos.

Sem qualquer dúvida, os animais manipulados abrem os olhos mais cedo, sua coordenação motora é desenvolvida também mais cedo, o pelo do corpo cresce com mais rapidez e tendem a ser significativamente mais pesados quando desmamam. Apresentam, também, maior resistência a uma injeção de células de leucemia, por um tempo mais longo.

Senão eu morro ...

A falta de estímulos pode levar o indivíduo a quadros psicopatológicos extremamente intensos e em casos extremos até à morte. Spitz estudou o comportamento de crianças em instituições durante o primeiro ano de vida, onde essas crianças, apesar de receberem alimentos e remédios quando doentes, não tinham grande oportunidade de interagir com os adultos.

Essas crianças depois de 6 meses começavam a apresentar um quadro de indiferença pelos adultos, reflexos diminuídos e retardados, como se não percebessem o que estava acontecendo ao seu redor. Em média, esses bebês apresentaram um retardo grande de linguagem e na exploração do mundo.

Quando frustrados não reagiam, atuavam passivamente, como que aceitando a situação.

Outras experiências foram realizadas, mostrando como esse tipo de situação pode levar o indivíduo a um quadro psicótico e também a uma doença chamada marasmo.

Existem outras pesquisas revelando que crianças sem estimulação sensorial desenvolvem um quadro de retardamento mental.

Ver também:

A CARÍCIA ESSENCIAL - Uma psicologia do afeto


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terça-feira, 1 de janeiro de 2013

A CARÍCIA ESSENCIAL - Uma psicologia do afeto



INTRODUÇÃO

AS CARÍCIAS E O ILUMINADO
 

Chega de viver entre o Medo e a Raiva! Se não aprendermos a viver de outro modo, poderemos acabar com nossa espécie.

É preciso começar a trocar carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas boas que a gente tem vontade de fazer e não faz, porque "não fica bem" mostrar bons sentimentos! No nosso mundo negociante e competitivo, mostrar amor é ... um mau negócio. O outro vai aproveitar, explorar, cobrar... 

Chega de negociar com sentimentos e sensações. Negócio é de coisas e de dinheiro — e pronto! Bendito Skinner — apesar de tudo! Ele mostrou por A mais B que só são estáveis os condicionamentos  recompensados; aqueles baseados na dor precisam ser reforçados sempre — senão desaparecem. Vamos nos reforçar positivamente.

É o jeito — o único jeito — de começar um novo tipo de convívio social — uma nova estrutura — um mundo melhor.

Freud ajudou a atrapalhar mostrando o quanto nós escondemos de ruim; mas é fácil ver que nós escondemos também tudo o que é bom em nós, a ternura, o encantamento, o agrado em ver, em acariciar, em cooperar, a gentileza, a alegria, o romantismo, a poesia, sobretudo o brincar – com o outro. Tudo tem que ser sério, respeitável, comedido — fúnebre, chato, restritivo, contido...

Há mais pontos sensíveis em nosso corpo do que estrelas num céu invernal.

"Desejo", latim de-si-derio; provém da raiz "sid", da língua zenda, significando ESTRELA como se vê em sideral — relativo às estrelas. Seguir o desejo é seguir a estrela — estar orientado — saber para onde se vai — conhecer a direção...

"Gente é para brilhar" diz mestre Caetano.

Gente é, demonstravelmente, a maior maravilha, o maior playground e a mais complexa máquina neuro-mecânica do Universo Conhecido. Diz o Psicanalista que todos nós sofremos de mania de grandeza, de onipotência.

A mim parece que sofremos todos de mania de pequenez.

Qual o homem que se assume em toda a sua grandeza natural?

"Quem sou eu, primo..." Em vez de admirar, nós invejamos por não termos coragem de fazer o que nossa estrela determina.

O Medo — eis o inimigo.

O medo principalmente do outro, que observa atentamente tudo o que fazemos — sempre pronto a criticar, a condenar, a pôr restrições — porque fazemos diferente dele.

Só por isso. Nossa diferença diz para ele que sua mesmidade não é necessária. Que ele também pode tentar ser livre — seguindo sua estrela. Que sua prisão não tem paredes de pedra, nem correntes de ferro. Como a de Branca de Neve, sua prisão é de cristal – invisível..

Só existe na sua cabeça. Mas sua cabeça contém — é preciso que se diga — todos os outros — que de dentro dele o observam, criticam, cometem — às vezes até elogiam!

Porque vivemos fazendo isso uns com os outros — nos vigiando e nos obrigando — todos contra todos — a ficarmos bonzinhos dentro das regrinhas do bem comportado — pequenos, pequenos. Sofremos de Megalomania porque no palco social nos obrigamos a ser, todos; anões. Ai de quem se salienta — fazendo de repente o que lhe deu na cabeça. Fogueira para ele! Ou você pensa que a fogueira só existiu na Idade Média?

Nós nos obrigamos a ser — todos — pequenos, insignificantes, apesar do grego — melhor ainda. Oligotímicos — sentimentos pequenos — é o ideal ...

Quem é o iluminado?

No seu tempo, é sempre um louco delirante que faz tudo diferente de todos. Ele sofre, principalmente, de um alto senso de dignidade humana — o que o torna insuportável para todos os próximos — que são indignos.

Ele sofre, depois, de uma completa cegueira em relação à "realidade" (convencional) que ele não respeita nem um pouco. Ama desbragadamente — o sem-vergonha. Comporta-se como se as pessoas merecessem confiança, como se todos fossem bons, como se toda criatura fosse amável, linda, admirável.

Assim ele vai deixando um rastro de luz por onde quer que passe.

Porque se encanta, porque se apaixona, porque abraça com calor e com amor, porque sorri e é feliz.

Como pode esse louco?

Como se pode estar — e viver! — sempre tão fora da realidade — que é sombria,  ameaçadora; como ignorar que os outros — sempre os outros — são desconfiados, desonestos, mesquinhos, exploradores, prepotentes, fingidos, traiçoeiros, hipócritas...

Ah! Os outros ...(Fossem todos como eu, tão bem comportados, tão educados, tão finos de sentimentos...) O que não se compreende é como há tanta maldade num mundo feito somente de gente que se considera tão boa.Deveras não se compreende.

Menos ainda se compreende que de tantas famílias perfeitas – a família de cada um é sempre ótima — acabe acontecendo um mundo tão infernalmente péssimo.

Ah! Os outros ... Se eles não fossem tão maus — como seria bom...

Proponho um tema para meditação profunda; é a lição mais fundamental de toda a Psicologia Dinâmica:

Só sabemos fazer o que foi feito conosco.

Só conseguimos tratar bem aos demais se fomos bem tratados.

Só sabemos nos tratar bem se fomos bem tratados.

Se só fomos ignorados, só sabemos ignorar.

Se fomos odiados, só sabemos odiar.

Se fomos maltratados, só sabemos maltratar.

Não há como fugir desta engrenagem de aço: ninguém é feliz sozinho.

Ou o mundo melhora para todos ou ele acaba.

Amar o próximo não é mais idealismo "místico" de alguns. Ou aprendemos a nos acariciar, ou liquidaremos com nossa espécie. Ou aprendemos a nos tratar bem a nos acariciar — ou nos destruiremos.

Carícias — a própria palavra é bonita.

Carícias ... Mãos deslizando lentas e leves sobre a superfície macia e sensível da pele.

Carícias ... Olhar de encantamento descobrindo a divindade do outro meu — espelho!

Carícias ... Envolvência (quem não se envolve não se desenvolve....), ondulações, admiração, felicidade, alegria em nós — eu e-ele, eu-e-outros.

Energia poderosa na a ação comum, na co-operacão,  na co-munhão, na co-moção.

Só a União faz a Força — sinto muito, mas as verdades banais de todos os tempos são verdadeiras — e seria bom se a gente tentasse FAZER o que elas sugerem, em vez de, críticos e céticos e pessimistas, encolhermos os ombros e deixarmos que a espécie continue, cega, caminhando em velocidade uniformemente acelerada para o Buraco Negro da aniquilação.

Nunca se pôde dizer, como hoje: ou nos salvamos — todos juntos — ou nos danamos — todos juntos.

J.A. Gaiarsa