sexta-feira, 25 de junho de 2010

Dan Tapscott - A Hora da Geração Digital (NET, Y)





'A hora da geração digital' é uma investigação do universo digital da tecnologia do século XXI. O autor Dan Tapscott entrevistou cerca de 10 mil jovens e, no lugar de um bando de gente grudada em telas com pouca capacidade de concentração e sem habilidades sociais, ele descobriu uma comunidade que desenvolveu novas formas de pensar, interagir, trabalhar e socializar. Com base em suas descobertas, o autor revela neste livro como o cérebro da 'Geração Internet' processa informações e como os jovens e a internet estão transformando a democracia.


“A Hora da Geração Digital”

da Redação em 23/06/10


Don Tapscott é autor do best-seller “Wikinomics” e um dos maiores estudiosos da influência das novas tecnologias no mundo atual. O livro parte de uma pesquisa realizada com cerca de dez mil jovens americanos sobre seus hábitos e padrões de consumo e relacionamento para fazer um mapeamento sobre como a internet revolucionou as formas de se pensar, interagir, trabalhar e se relacionar, dando origem a uma geração multifuncional, em que os jovens falam ao telefone, trocam mensagens de texto, baixam músicas, fazem upload de vídeos, assistem a um filme em uma tela de duas polegadas e navegam pelo Orkut ou Twitter ― tudo ao mesmo tempo. “Se você entender a Geração Internet, entenderá o futuro”, afirma Tapscott.

Confira, abaixo, trecho do livro:
“O impacto das redes sociais nos hábitos de consumo da Geração Internet é imenso e já perceptível. O poder da internet para descentralizar o conhecimento acarretou um profundo deslocamento de poder dos produtores para os consumidores. Os jovens da Geração Internet têm mais acesso a informações sobre produtos e serviços e podem discernir o valor real com mais facilidade do que as gerações anteriores. Mais do que nunca, as empresas precisam, para competir no mercado, de produtos realmente diferenciados, de um serviço melhor ou de um custo mais baixo, pois as deficiências de valor não podem ser escondidas com tanta facilidade. O valor real é evidenciado como nunca. A influência também está sendo descentralizada à medida que a Geração Internet se manifesta a partir das trincheiras modernas, também conhecidas como blogs. Blogs e outras mídias geradas por consumidores estão alterando as fontes de poder e de autoridade em nossa sociedade. Algumas dessas fontes têm uma capacidade surpreendente de influência, afastando a balança de poder de fontes mais tradicionais e reconhecidas. As empresas inteligentes entendem esse deslocamento de poder e o adotam. (…) A revista New York desconsiderou aRolling Stone em sua lista dos principais influenciadores da indústria fonográfica, mas lá estava Sarah Lewitinn, uma blogueira de 26 anos. Aparentemente, o seu blog tem “mais poder do que qualquer crítico da mídia impressa”. Os integrantes da Geração Internet vem pouco uso para o papel do crítico tradicional. Uma recente pesquisa de opinião publicada no Los Angeles Times, correalizada pela Bloomberg News, revelou que, dentre os jovens com idade entre 18 e 24 anos, apenas 3% acham que “as resenhas dos críticos eram o fator mais importante em seu processo de tomada de decisões sobre filmes”. Para as empresas, o deslocamento de poder dos influenciadores tradicionais significa que muitos contatos estabelecidos podem perder sua antiga força. Hoje, as empresas precisam identificar e engajar as novas vozes da autoridade, muitas das quais – como a blogueira Sarah Lewitinn – surgirão de lugares inesperados. Uma boa maneira para começar a identificar essas novas vozes da autoridade é passar tempo com clientes da Geração Internet e catalogar as novas fontes de informação e os “especialistas” em que eles confiam” (p.235)
Ficha 9
A nova geração contada por Don Tapscott


Tema: A nova "geração Net"
Título: Crescendo num mundo digital
Autor: Don Tapscott (canadiano)

TESE: A emergência de uma nova geração e um conflito no horizonte

por Jorge Nascimento Rodrigues

Apresentação em exclusivo do livro editado em Outubro de 1997 na McGraw-Hill


O ano do cinquentenário do transístor promete. 1997 vai ser marcado pelo lançamento de um conjunto de obras marcantes sobre o desenvolvimento da economia digital. Nomes da galeria de gurus da "neteconomia" estão a investir somas astronômicas em marketing antecipativo dos seus livros e a utilizar o novo 'media' de comunicação - a Internet e a Web - como máquina de ideias e debates prévios para o conteúdo dos futuros livros em papel. Chuck Martin, hoje um alto quadro da IBM, acabou de lançar, na Mc-Graw-Hill, The Digital Estate, uma metáfora para explicar as regras com que se cose o quinto poder emergente, baseado na economia digital e nos medias interactivos.

George Gilder vem trabalhando no seu super-anunciado Telecosmos, reportando a saga de escritos que ele tem produzido nestes últimos dois anos, nomeadamente no suplemento ASAP da revista americana 'Forbes'. A tese é que vivemos noutra era, que não se pode reduzir mais à "sociedade da informação" e ao computador em cima da secretária.

Foto: Don TapscottAgora, Don Tapscott, o canadiano responsável pela popularização da ideia de que vivemos uma "mudança de paradigma" (o seu livro Paradigm Shift escrito com Art Caston, ISBN 0070628572) e que devemos aproveitar a fundo a nova "economia digital" (o seu outro livro de 1995, Digital Economy, ISBN 0070622000), vai lançar em Outubro mais uma pedrada para o charco, com Growing Up Digital: The Rise of the Net Generation, a sair também na Mc-Graw-Hill.

Ele vai imprimir, em papel, 100 mil cópias e a McGraw-Hill investiu 100 mil dólares numa campanha de promoção em escala americana, nos principais jornais de informação e fazedores de opinião (New York Times Book Review, New York Times daily, Wall Street Journal, Washington Post e Business Week) e numa rede de TV por sa
télite de 22 cidades. 'On line' a publicidade será feita na Bookwire e através da Beta Books Online Serialization.

O tema de Growing Up Digital é altamente inflamável para as gerações actualmente dominantes, e sobretudo para a que ficou conhecida como "geração dos anos 60" (os nascidos no boom demográfico entre 1946 e 1964, segundo os marcos definidos por Tapscott).

"De novo, há uma geração numericamente significativa capaz de rivalizar com a hegemonia cultural da geração hoje liderante, explica o autor. Esta nova geração, a que chamo de 'geração Net',  tem um ponto forte que a outra jamais teve - está a nascer e a crescer no meio da emergência de um novo 'media' de comunicação tão revolucionário como não havia memória desde a invenção da imprensa escrita".

Esta "geração Net" é formada pelos nativos a partir de 1977. Não representa apenas um solavanco demográfico (é 30 por cento da população americana) de proporções ainda maiores do que a geração de 60. Vai despoletar "uma transformação social de grandes proporções" e não pode ser posta de lado a hipótese de um novo conflito geracional no princípio do século XXI.

Escreve Tapscott: "As duas grandes gerações da segunda metade do século XX estão numa trajectória de colisão - uma batalha de titãs está para vir".

A não ser que a geração dos "Amigos de Alex" perceba o que se passa e deixe de considerar a sua futura rival como uma "geração rasca", ultra-individualista, viciada na violência dos jogos de vídeo e alimentada quase desde o berço com curiosidades imorais na Net.

A questão estrutural subjacente é que entre a geração actualmente dominante e esta juventude emergente não há apenas um fosso cultural e ideológico (o célebre 'generation gap') - como havia entre a geração revolucionária dos anos 60 e os seus pais nascidos no início do século e forjados em tempos de guerra.

Agora há "um desfasamento de níveis" (um 'generation lap') entre uma meninice e adolescência que encara as novas tecnologias como sua "extensão natural" e dá cartas em casa e na escola nesse campo, e uma geração dominante que "adere" ou se vê condenada a usá-las "sob grande pressão".

Esta geração emergente "coincide com a revolução digital" e nada tem a ver com a "Geração X" pintada a negro e popularizada a partir do romance de Douglas Coupland, que para Tapscott é apenas um último resquício da geração anterior.

A "Geração da Net" tem um poder imenso entre mãos. Está a ser "cultivada" num ambiente interactivo, conectivo. Não é uma geração de ouvintes ou expectadores. É uma geração de utilizadores, criadores e comunicadores.

"Não é por acaso, constata o autor, que as crianças e adolescentes são hoje uma força pioneira nos lares e nas escolas no uso da Net, do correio electrônico e da Web. E, mais do que isso, ela está a tomar o controlo dos mecanismos críticos desta revolução da comunicação. A hierarquia do saber começa a estar de pernas viradas para o ar. A nova geração aprende, diverte-se, comunica e trabalha num patamar a que a geração dos pais não chega".

Pelo meio há uma geração da terra-de-ninguém (nascida entre 1965 e 1976) que não teve projecto e se vê hoje dilacerada nas escolhas. Mais outro factor de perturbação.

O curioso deste livro é que foi fabricado em parte na própria Net.

O projecto de pesquisa foi liderado por Kate Baggot (de 24 anos) que organizou um 'site' disponível a partir de 21 de Outubro de 1997 (www.growingupdigital.com) com uma equipa de seis outros jovens denominada 'Kids'Energy' (nome de guerra KIDSNRG) por onde passou um debate colectivo com mais de 300 crianças, adolescentes e jovens entre os 4 e os 20 anos de todo o mundo.

Teve um grande empurrão com o envolvimento activo da comunidade 'em linha' FreeZone (www.freezone.com) que agrega 30 mil jovens.

A própria ideia do livro germinou na cabeça de Tapscott a partir de uma conversa entre a sua filha Nicole e uma amiga de férias, combinando a melhor forma de se continuarem a comunicar. Teve depois o apoio da Alliance for Converging Technologies, uma instituição impulsionada por Tapscott e patrocinada por grandes empresas.

Muito do material de investigação estatística no campo das tendências da juventude foi conduzido pela Teenage Research Unlimited.


LEIA DE SEGUIDA: 
Especial IT Web 10 anos: Don Tapscott debate Web 3.0 e o papel da geração Y para promover mudanças
por Roberta Prescott
22/04/2010

http://www.itweb.com.br/noticias/index.asp?cod=67293
Os jovens de hoje vão substituir os atuais chefes. Isto vai transformar as empresas internamento e vai criar novo modelo de relacionamento

IT Web - Observando a internet de dez anos atrás e a atual quais foram as mudanças mais significativas?
Don Tapscott -
 Há dez anos, as pessoas diziam que a web mudaria tudo. Elas estavam certas. A internet está liderando uma transformação profunda na maneira como orquestramos a capacidade da sociedade de criar bens e serviços, de inovar e de promover valores públicos. A internet está forçando as instituições a se tornarem virtuais e assim a se moverem para um novo período da história humana. E isto é uma coisa boa, porque muitas instituições estão chegando ao fim de seu ciclo de vida e falindo. Nós precisamos nos reinventar em torno de um novo modelo de relacionamento.
IT Web - Podemos dizer que a Web 2.0 já está em uso nas companhias?
Don Tapscott -
 Em muitos casos, sim, podemos dizer. A adoção da Web 2.0 está sendo liderada pela atual juventude. Acho que a geração net (ou Y) ajudará as empresas a ganhar. Meus estudos mostram que as companhias que selecionaram e efetivamente "abraçaram" esta geração estão tendo um desempenho melhor que as que não fizeram isto. Estou convencido de que a cultura da geração net é a nova cultura do trabalho.
IT Web - Quais empresas fizeram isso bem?
Tapscott - 
Para mim, o melhor exemplo de companhia que entende os valores desta geração é a gigante de varejo eletrônico Best Buy. O recém-aposentado CEO, Brad Anderson, diz que as pessoas mais importantes da empresa são os jovens que trabalham nas lojas. Anderson me contou que estes jovens funcionários são os mais próximos aos clientes e que são parecidos com os consumidores; e completou afirmando que a cultura deles é a cultura do século 21 da Best Buy. Anderson conta que seu trabalho foi menos tomar decisões e mais criar condições para propiciar que estes jovens pudessem organizar-se e ajudar a reinventar a companhia. A empresa tem hoje uma rede social onde 25 mil empregados jovens dividem insights e fazem brainstorming.
IT Web - O que define a Web 3.0? Quando você acredita que ela será realidade?
Tapscott - 
Todas as mudanças e a turbulência promovidas pela geração Ynos últimos dez anos serão brandos em comparação com o que vai acontecer nos próximos dez anos. Amanhã, os dispositivos móveis de computação, o acesso banda larga, as redes sem fio e a computação embarcada em tudo - de bicicletas a peças de fábricas - vão convergir em uma rede global, a Hypernet. Esta rede vai promover uma transformação exponencial no modelo de inovação dos negócios.
IT Web - Por exemplo?
Tapscott - 
Atualmente, as redes de consumidores estão aumentando a demanda por personalização e imediata gratificação. Eles não querem o modelo de carro estacionado na concessionária, mas, sim, um novo veículo feito para eles com as especificações que pediram e entregue dentro de uma semana. "Armados" com a hypernet, estes consumidores pegam bens, serviços e informação de sua própria rede, sempre que precisam. Devido ao progresso tecnológico, o conceito de destruição criativa do [economista austríaco Joseph] Schumpeter será ainda mais criativa e mais destrutiva. Titãs cairão. Quem irá ser bem-sucedido? Aquelas companhias que conferirem poder às arquiteturas de negócios com base nas novas tecnologias de informação e comunicação. Estas empresas entendem que em uma economia conectada em rede a corporação clássica e verticalmente integrada não existe mais. A internet diminui o custo de compartilhamento de conhecimento e aumenta a colaboração. A companhia inteligente foca em competências e parceiroscore e terceiriza o resto.
IT Web - Veremos mudanças no ambiente de trabalho com a chegada dageração Y?
Tapscott -
 Logo, diversos chefes da geração baby boomer irão se aposentar e diversos membros da geração Y vão assumir posições de liderança. Eu creio que vamos assistir a uma mudança no "tom" do ambiente de trabalho. No [meu livroWikinomics, falo que no futuro o ambiente de trabalho lembrará mais ao jazz, com os músicos improvisando de forma criativa em torno de uma melodia acordada anteriormente. Ou seja, os empregados estão desenvolvendo seus próprios mecanismos de organização, interconexão e formando times horizontais (cross-functional) dentro da companhia, capacitados para operar globalmente e em tempo real. Perder a organização hierárquica e dar mais poder aos empregados confere mais rapidez à inovação, diminuição dos custos com estruturas, mais agilidade, entre outros.
IT Web - Que período vivemos hoje?
Tapscott - 
É importante entender que, mesmo com a virada na economia, estamos na iminência do que chamo da maior "guerra por talentos", na medida em que várias companhias ainda confiam no conhecimento que os trabalhadores têm. Mas o mundo mudou. Vinte anos trás, as empresas tinham o poder de escolher os melhores e mais brilhantes profissionais; eles eram gratos em conseguir um emprego e faziam o necessário para se manterem empregados. Assim, a última coisa que estes profissionais fariam seria sugerir mudanças radicais na maneira de se trabalhar e de gerir a companhia. No entanto, nos próximos dez anos, os funcionários mais velhos devem se aposentar e ainda haverá membros suficiente da geração Y para os substituírem nas funções gerenciais.
Para vencer esta "guerra por talentos", as corporações terão de repensar a maneira como lidam com seus funcionários, desde o primeiro contato até depois de eles deixarem a empresa. Eu acho que o velho modelo de recrutar, treinar, supervisionar e reter deve ser arquivado. No lugar disto, as companhias deverão adotar novos modelos, firmados em mais iniciativas, engajamento, colaboração e envolvimento. As empresas têm diversas maneiras de se mostrarem, de serem mais atraentes para a geração Y. elas podem personalizar descrições de funções (job descriptions), assim como a Deloitte faz; realizar treinamentos baseados em jogos para projetos de curto tempo etc.O velho modelo de entrevistas de emprego está ultrapassado. Agora, são diálogos, conversas entre empregador e candidato para contratar. E os primeiros três meses são para o candidato avaliar a empresa e não o contrário. Isto é chamado de Talento 2.0.
IT Web - Você tem exemplos?
Tapscott - 
Há alguns que posso mencionar, como repensar a autoridade, ser um bom líder (por exemplo, priorizar o coaching, ser um mentor, um facilitador). Eu vejo que em algumas áreas este será o estudante e a geração Y, o empregado, o professor. No entanto, este pessoal precisa de muito feedback, mas tudo feito de forma autentica. Falsidade não vai funcionar com eles.
IT Web - Quais conselhos você dá às companhias?
Tapscott - 
Repense o processo de recrutamento e comece por iniciativas de relacionamento. Não gaste tempo e dinheiro fazendo propagandas para buscar talentos. Use as redes sociais, que estão baseadas na confiança, para influenciar os jovens a respeito de sua empresa. Repense também o treinamento. Em vez dos tradicionais programas de treinamento, que são separados do trabalho, empenhe-se em reforçar os aprendizados que sirvam para todos os empregos. Para arquivar este conhecimento, incentive os funcionários a blogarem. Não bana o Facebook ou outras redes sociais. Descubra como usá-las a seu favor. Novas ferramentas como wikis, blogs, telepresença, tags, filtros de colaboração, RSS, entre outros, podem ser o impulso do alto desempenho. Repense o gerenciamento de processos e direcione as funções e até mesmo os lugares onde as pessoas estão sentadas na direção da colaboração. Por fim, dê à geração Y a chance de colocar ferramentas de colaboração para fazer bom uso delas.
Leia mais - especial IT Web 10 anos:
Há dez anos, nascia o portal de notícias de tecnologia e telecomunicações IT Web. Para comemorar a data, diversas reportagens serão publicadas ao longo do mês de abril com objetivo de, mais que fazer uma retrospectiva, analisar as mudanças pelas quais o mundo e os negócios passaram, além de apontar tendências que podem trilhar a próxima década da internet. Acompanhe o especial!
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