quarta-feira, 31 de março de 2010

Acumulação Monetária e Trabalho como Instituições Sociais Obsoletas?


           De Masi é mais do que atual, polêmico ou instigante. É um otimista!

            Num momento em que o desemprego ronda a humanidade e todos se acham ameaçados por esse monstro, Domenico De Masi vê, por meio da lente da História, que o desemprego é a face visível de um fenômeno mais profundo : a libertação do trabalho.

            “O trabalho é, pela sua natureza, uma maldição bíblica. Desenvolve-se em lugares indecentemente feios, onde uma pessoa deve passar muito tempo, gastando muita energia, com rituais inúteis... Será que a mitologia do horário, do controle e da hierarquia é realmente produtiva?”(Domenico De Masi, em O Estado de S. Paulo, 30 de maio de 1999.)

            “Em 1857, isto é, há quase um século e meio, Marx tinha escrito : ‘É chegado o tempo em que os homens não mais farão o que as máquinas podem fazer’ e tinha concluído que o capitalismo, tendendo de forma inexorável para a abolição do trabalho, teria dessa forma provocado sua própria morte.” (Domenico De Masi)

            “Quando na fábrica totalmente robotizada da Benetton for possível produzir roupa sem que nenhuma hora de trabalho humano tenha participado no ciclo produtivo, então o sonho ancestral terá sido realizado, mesmo que, por ironia do destino, os homens experimentem-no não como a libertação do trabalho, mas como o pesadelo do desemprego.”(Domenico De Masi)

            Professor titular de Sociologia da Universidade la Sapienza de Roma, Domenico De Masi é presidente da Societá Italiana per il Telelavoro (SIT) e do Istituto Nazionale Architettura (IN/ARCH). É membro do comitê científico de diversas revistas italianas e diretor responsável da revista Next-Strumenti per l’innovazione. Atua como consultor organizacional, com serviços prestados à Fiat, IBM, Pirelli e Glaxo, entre outras empresas.

            Seu livro A Emoção e a Regra (Os Grupos Criativos na Europa de 1850 a 1950), onde o autor demonstra conclusões de estudo patrocinado pela IBM, sobre modelos de equipes criativas, encontra-se na 4a  edição, no Brasil.

Sua participação no programa Roda Viva (TV Cultura) em Janeiro/99, provocou tamanha repercussão, que foi novamente entrevistado em Junho/99. A fita do primeiro programa teve uma venda de 5.000 cópias, mantendo índices de venda regulares após 6 meses da apresentação. A do segundo programa já possuía fila de espera antes das cópias estarem disponíveis.

Também no programa Milênio da Globonews, sua participação teve grande impacto, levando a sua reapresentação três semanas após a primeira exibição.

Livro: Desenvolvimento sem trabalho

Sumário


Dez teses .........................................................................................          07

Livres e escravos na Grécia antiga ..................................................     13
Livres e escravos em Roma e na Itália ............................................    19
Do baixo império à Idade Média: declina a
escravidão, nascem os servos da gleba ..........................................    22
O papel da motivação ...................................................................... 25
O progresso tecnológico na Idade Média e a
“síndrome de Vespasiano” ............................................................... 30
A parasceve de Bacon .....................................................................34
Da proto-industrialização à industrialização .....................................  36
Taylor e a eliminação do trabalho .................................................... 39
Trabalho pós-industrial e obstinação empresarial ............................  45
Keynes: trabalhar tres horas por dia .................................................48
Adret: trabalhar duas horas por dia ..................................................56
Desempregado será uma boa ..........................................................60
“Prosuming” e padronização ...........................................................64
A “síndrome japonesa” .................................................................. 66
“Workers of the word, be warned!” ..............................................  68
“Jobless prosperity” ......................................................................  72
O masoquismo dos indefesos .......................................................   75
O sadismo dos machistas ............................................................    78
O americano, o japonês e o leão ...................................................  84
Apêndice ......................................................................................  89

 

“Se cada instrumento pudesse, a uma ordem

dada, trabalhar por si, se as lançadeiras tecessem
sozinhas, se o arco tocasse sozinho a cítara, os
empreendedores não iriam precisar de operários
e os patrões dispensariam os escravos
Aristóteles
“Acreditar que os trabalhadores substituídos pelas
máquinas encontrarão inevitavelmente trabalho
na construção dessas mesmas máquinas equivale
a acreditar que os cavalos substituídos pelos
veículos mecânicos poderiam ser utilizados nos
diferentes setores da indústria automobilística.”
Wassily Leontief
“A sociedade do desenvolvimento foi também
uma sociedade do trabalho. A vida dos homens
era construída em torno do trabalho[...]. Pode-se
até mesmo dizer que a figura do homem
trabalhador representou o ideal desta sociedade.
Resta-nos perguntar: o que irá acontecer quando
-          para citar Hannan Arendt -, à sociedade do
trabalho, o próprio trabalho vir a faltar?”
Ralf Dahrendorf


Como trabalhadores, como desempregados, ou como pais de desempregados, de uma maneira ou de outra, estamos “dentro” do problema da falta de trabalho. Que Deus tenha Max Weber na santa paz! 


Assim, não adianta pretendermos a capacidade de encarar o assunto de forma objetiva. Incapazes, então, de examiná-lo “do lado de fora”, nos resta apenas olhá-lo “demoradamente e de longe”, isto é, numa perspectiva histórica indispensável para entender as razões latentes do fenômeno e, ao mesmo tempo, propiciar ao raciocínio o impulso necessário para refletir sobre o futuro próximo. 


O máximo que podemos arriscar ao encarar o desemprego “demoradamente e de longe” é perceber fatos nada assustadores, ou melhor, experiências bem-sucedidas e, assim, nos tornarmos otimistas – pouco confiáveis, portanto, do ponto de vista científico – aos olhos de quem considera sérios somente os diagnósticos desoladores e eficazes apenas as terapias dolorosas. Contudo o único risco que se pode correr é o de caminhar do lado ensolarado da rua.
                                              
                                                                       Domenico De Masi.

Apêndice (Trechos)

Perspectivas econômicas
para os nossos netos

Por John Maynard Keynes
(Conferência proferida em Madri, em junho de 1930)

Estamos neste momento sofrendo de um profundo ataque de pessimismo econômico. É bastante comum ouvirmos as pessoas dizerem que a época do enorme progresso econômico que caracterizou o século XIX  está chegando ao fim; que agora a rápida melhora da qualidade de vida terá de se tornar mais lenta, pelo menos na Grã-Bretanha; que na próxima década é mais provável que a prosperidade decline em vez de florescer.


            Considero que esta seja uma interpretação completamente falha do que está acontecendo. Não estamos padecendo dos achaques da velhice, mas sim dos distúrbios de um crescimento feito de mutações rápidas demais e das dores da readaptação de um período econômico para outro. A eficiência técnica se intensificou progressivamente num ritmo mais rápido do que aquele com o qual conseguimos solucionar o problema de absorver a mão-de-obra. A melhoria da qualidade de vida foi um pouco rápida demais; o sistema bancário e monetário do mundo impediu que a taxa de juros caísse com a velocidade necessária a um reequilíbrio.  [...]

            A depressão que domina o mundo, a atroz anomalia do desemprego num mundo repleto de necessidades, os erros desastrosos que cometemos nos deixam cegos diante do que está acontecendo sob a superfície, isto é, diante do significado das verdadeiras tendências do processo. Quero na verdade dizer que as duas vertentes opostas de pessimismo, que hoje em dia provocam no mundo tamanho barulho, vão se provar errôneas no decorrer de nossa geração: o pessimismo dos revolucionários, que pensam que as coisas andam tão mal que nada poderá nos salvar a não ser uma reviravolta violenta; e o pessimismo dos reacionários, que consideram o equilíbrio de nossa vida econômica e social instável demais para que possamos arriscar novas experiências. [...]

            No prazo de pouquíssimos anos, isto é, no decorrer de nossa vida, poderemos estar em condição de desempenhar todas as atividades dos setores agrícola, mineiro e manufatureiro gastando um quarto da energia humana que estávamos acostumados a gastar.

            No momento, a própria rapidez dessa evolução nos deixa desconfortáveis e nos coloca diante de problemas de difícil solução. Para os países que não estão na vanguarda do progresso o impacto é relativo. Nós, ao contrário, somos atingidos por uma nova doença da qual alguns leitores podem ainda desconhecer o nome, mas da qual muito se irá falar nos próximos anos: o desemprego tecnológico. Isso significa que o desemprego resultante da descoberta de instrumentos que economizam mão-de-obra caminha mais rapidamente do que nossa capacidade de encontrar novos empregos para a mesma mão-de-obra.

            Contudo, essa é apenas uma fase transitória de desequilíbrio. Aliás, visto em perspectiva, isto quer dizer que a humanidade está caminhando para a solução de seu problema econômico. Ouso até afirmar que daqui a cem anos o nível de vida dos países em desenvolvimento será de quatro a oito vezes superior ao atual. Isso nem seria surpreendente à luz de nossos conhecimentos atuais. Poder-se-ia até considerar a possibilidade de progressos ainda maiores.

            A título de hipótese, admitamos que daqui a cem anos a situação econômica de todos nós esteja em média oito vezes superior à de hoje. Esse fato, na verdade, não deve despertar a nossa admiração.

            É bem verdade que as necessidades dos seres humanos podem parecer inesgotáveis. Todavia, elas se enquadram em duas categorias. Algumas são necessidades absolutas, pois as percebemos como as condições dos seres humanos, nossos semelhantes. Outras são relativas, pois existem apenas em relação à satisfação que nos proporcionam ao nos fazer sentir superiores aos nossos semelhantes. Essas últimas, as que satisfazem o desejo de superioridade, podem de fato ser inesgotáveis, pois quanto mais alto for o nível geral,  tanto maiores se tornam. O que não é tão verdadeiro para as necessidades absolutas. Em relação a estas, poderemos alcançar depressa, talvez muito mais depressa do que acreditamos, o momento em que serão satisfeitas, no sentido em prefiramos dedicar as energias restantes a fins não econômicos.

            Chegamos agora à minha conclusão, que acredito todos considerarão desconcertante, aliás quanto mais refletirem sobre ela mais desconcertante lhes parecerá.

            Chego à conclusão de que, deixando de lado a eventualidade de guerra, de crescimentos demográficos excepcionais, o problema econômico pode ser solucionado, no decorrer de um século. Isto quer dizer que o problema econômico não é, se olharmos para o futuro, o problema permanente da espécie humana.

            Mas por que, poderão perguntar, isso é tão desconcertante? É desconcertante porque, se em vez de olhar para o futuro, nós nos voltarmos para o passado, veremos que o problema econômico, a luta pela subsistência sempre foi, até o presente momento, o problema principal, o mais premente para a espécie humana, aliás, não apenas para a espécie humana, mas para todo o reino biológico, desde as origens da vida em suas formas mais primitivas.


Assim nossa evolução natural, com todos os nossos impulsos e os nossos mais profundos instintos, aconteceu com o intuito de solucionar o problema econômico. Uma vez solucionado, a humanidade ficaria privada do seu objetivo tradicional.

Isso será um bem? Se acreditarmos, por pouco que seja, nos valores da vida, descortina-se a possibilidade de que se torne um bem. Todavia, eu penso com pavor no redimensionamento de hábitos e instintos do homem comum, hábitos e instintos enraizados nele por gerações incontáveis e cujo abandono lhe será proposto no decorrer de algumas décadas.

Para usar a linguagem moderna, talvez devêssemos esperar por um ‘colapso nervoso” generalizado? Já tivemos uma pequena experiência do que eu quero dizer, isto é, um colapso nervoso semelhante ao fenômeno já bastante freqüente na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos entre as mulheres casadas das classes abastadas, mulheres em sua maioria infelizes, que a riqueza privou das tarefas e das ocupações tradicionais; mulheres que não conseguem se interessar o bastante pela cozinha, pela limpeza, pela costura, quando lhes falta o estímulo da necessidade econômica e que, contudo, são totalmente incapazes de inventar qualquer coisa de mais divertido.

Para quem sua pelo pão de cada dia, o tempo livre é um prazer cobiçado até o momento em que o alcança. Lembremos o epitáfio que uma velha faxineira escreveu em sua lápide:

“Não vistam luto, amigos, não chorem por mim, que finalmente não farei nada, nada pela eternidade afora”.

Aquilo era seu paraíso. Como outros que aspiram ao tempo livre, a faxineira imaginava apenas o quanto seria lindo passar o tempo como espectador. Havia mais duas outras linhas no epitáfio:

“O paraíso ressoará de salmos e de músicas suaves, mas eu não farei esforços para cantar”.

Todavia, a vida será suportável somente para os que participam do canto. E quão poucos de nós sabem cantar!

Assim, pela primeira vez desde sua criação, o homem estará diante de seu verdadeiro e constante problema: como empregar sua libertação das agruras econômicas mais prementes, como empregar o tempo livre que as ciências e os juros compostos lhe granjearam, para viver bem, de forma agradável e sábia?

Os incansáveis e decididos criadores de riqueza poderão levar todos nós junto com eles para o seio da abundância econômica. Porém, somente poderão gozar da abundância, quando esta chegar, aqueles que souberem manter viva a arte da vida e levá-la à perfeição, e que não se venderem em troca dos meios de vida.

No meu entender, entretanto, não existe um único país ou povo que possa encarar sem pavor a era do tempo livre e da abundância. Aliás, por tempo demais fomos treinados a fatigar em vez de gozar. Para o homem comum, desprovido de talentos especiais, o problema de se empenhar numa ocupação é assustador, sobretudo se não tem mais raízes na terra, nos costumes ou nas convenções prediletas de uma sociedade tradicional. A julgar pela conduta e pelos resultados das classes ricas de hoje, em qualquer lugar do mundo, a perspectiva é realmente deprimente. Essas classes, na verdade, são, por assim dizer, a nossa vanguarda. São os que exploram para nós a terra prometida e nos preparam o terreno. E, na sua maior parte, os que tem uma renda independente, mas nenhum compromisso, vínculo ou associação, foram submetidos, assim me parece, a uma derrota fragorosa na tentativa de resolver a questão que estava em jogo.

Tenho certeza de que, com um pouco mais de experiência, nós nos serviremos do nosso generoso dom da natureza de forma completamente diferente dos ricos de hoje e traçaremos para nós um plano de vida totalmente diverso, que não tem nada a ver com o deles. Ainda por muitas gerações, o instinto do velho Adão continuará tão forte dentro de nós que precisaremos de “algum” trabalho para ficarmos satisfeitos. Faremos, para servir a nós mesmos, mais coisas do que costumam fazer os ricos de hoje e ficaremos mais do que contentes de Ter obrigações, deveres e rotinas a cumprir. Mas, além disso, teremos de nos empenhar com cuidado para compartilhar desse “pão” a fim de que o pouco trabalho que ainda restar seja distribuído entre o maior número possível de pessoas. Turnos de três horas e semana de trabalho de quinze horas podem manter o problema sob controle por um longo período. Três horas de trabalho por dia são de fato mais do que suficiente para apaziguar o velho Adão que está em cada um de nós.

Teremos de esperar por mudanças também em outras áreas. Quando a acumulação de riqueza deixar de ter um significado social importante, acontecerão mudanças profundas no código moral. Teremos de saber nos libertar de muitos dos princípios pseudomorais que supersticiosamente nos  torturaram por dois séculos e pelos quais enaltecemos como virtudes máximas as qualidades humanas mais desagradáveis. Precisaremos ter a coragem de atribuir à motivação “dinheiro” seu verdadeiro valor. O amor ao dinheiro como propriedade, diferente do amor pelo dinheiro como meio de aproveitar dos prazeres da vida, será reconhecido por aquilo que é: uma paixão doentia, um pouco repugnante, uma daquelas propensões meio criminosas e meio patológicas que, com um calafrio, costumamos confiar a um especialista em moléstias mentais. Ficaremos, finalmente, livres para nos desfazermos de todos os hábitos sociais e das práticas econômicas referentes à distribuição da riqueza e às recompensas e penalidades econômicas que hoje mantemos a todo custo, apesar de serem desagradáveis e injustas, dada sua inacreditável utilidade em fomentar a acumulação do capital. Naturalmente, continuarão a existir muitas pessoas dotadas de ativismo e do senso de compromissos intensos e insatisfeitos, que cegamente irão perseguir a riqueza a não ser que consigam achar um substituto válido. Mas não teremos mais a obrigação de louvá-las e encorajá-las porque saberemos perscrutar, mais a fundo do que hoje nos é permitido, o significado real desse “compromisso”. [...]

Assim, vejo os homens livres se voltarem para alguns dos princípios mais sólidos, autênticos e tradicionais, da religião e da virtude; a avareza é um vício; a prática da usura um crime; o amor pelo dinheiro, desprezível; quem menos persegue o dinheiro trilha verdadeiramente o caminho da virtude e da profunda sabedoria. Daremos novamente mais valor aos fins do que aos meios e preferiremos o bem ao útil. Prestaremos homenagem a quem souber nos ensinar a acatar a hora e o dia com virtude, àquelas pessoas maravilhosas capazes de extrair um prazer direto das coisas, como dos lírios do campo que não semeiam nem tecem.

Mas cuidado! O momento ainda não é chegado. Pelo menos outros cem anos deveremos fingir para nós mesmos e para todos os outros que o certo está errado e o errado está certo, porque aquilo que está errado é útil e o que é certo não é. Avareza, agiotagem, prudência têm de ser nosso lema ainda por um pouco de tempo, porque somente esses princípios podem nos tirar do subterrâneo da necessidade econômica para a luz do dia.

Espero, então, que em dias não muito distantes aconteça a maior transformação da qual jamais se teve notícia no ambiente físico onde se move a vida dos seres humanos como um todo. Porém, naturalmente tudo irá se passar em etapas, não como ma catástrofe. Aliás, tudo já começou. As coisas simplesmente caminharão assim: as categorias e os grupos de pessoas que na prática não conhecem os problemas da necessidade econômica irão se alastrando. Será percebida a diferença crítica quando esta condição tiver se expandido a ponto de mudar a natureza da obrigação do homem para com seu semelhante. De fato, o empenho do fazer para os outros continuará a Ter uma razão, mesmo quando tiver deixado de tê-la o fazer em nosso proveito próprio. [...] 

Como estão a COMPETITIVIDADE e SUSTENTABILIDADE do Sistema Financeiro Nacional? Quais os riscos para a Sociedade?

Como estão a COMPETITIVIDADE e SUSTENTABILIDADE do Sistema Financeiro Nacional? Quais os riscos para a Sociedade?


Car@s.

   Preocupa-me a situação de Preços Relativos muito maiores em nosso Sistema Financeiro quando comparados ao Sistema Financeiro Internacional [1].

   Nós já vimos uma situação similar na Informática (Reserva de Mercado) que provocou uma defasagem tecnológica do País nesta área e a não sobrevivência das Empresas, que só conseguiam se manter viáveis sob este regime de Proteção da Sociedade.

   A Sociedade Brasileira precisa avaliar a Competitividade e Sustentabilidade de nosso Sistema Financeiro em uma situação de Competição em área maior que a Nacional. Até por restar apenas a opção de Internacionalização para expansão de nossas maiores Instituições Financeiras.



[1]  Informações sobre Tarifas e Juros (exemplos de Preços do Sistema Financeiro):

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terça-feira, 30 de março de 2010 23:00
Tarifa de serviço bancário sobe até 33 vezes acima da inflação, diz Idec
Levantamento do Instituto aponta alta de até 328% entre abril de 2008, quando BC apertou regras do segmento, e março deste ano
Leandro Modé, de O Estado de S. Paulo  
6 comentários
Tópicos: bctarifasidec;serviçosbancos

SÃO PAULO -
As tarifas avulsas de serviços bancários subiram até 328% entre abril de 2008, quando o Banco Central (BC) instituiu novas regras para o segmento, e fevereiro deste ano. O porcentual supera em 33 vezes a inflação do período (9,88%). No caso dos pacotes de serviços, a maior variação foi de 65,8%, sete vezes superior à inflação.

SELIC
QUARTA-FEIRA, 4 DE JUNHO DE 2008
20 Out 2009 – Miriam Leitão

Juros no Brasil: um ponto fora da curva mundial

Artigo - Alcides Leite
Valor Econômico
14/5/2008

Há nos bons manuais de economia e, sobretudo, na sabedoria dos agentes econômicos, uma máxima: "Na economia de mercado, os problemas acontecem quando os preços estão fora de lugar".
Esta máxima serve para o salário de um funcionário, para os produtos e serviços vendidos de um pequeno comércio ou grande multinacional e também vale para medir a adequação dos indicadores macroeconômicos de um país em relação à média de seus principais concorrentes e parceiros comerciais. Os indicadores macroeconômicos, portanto, representam, de alguma forma, o preço pago ou recebido, pelo agregado dos agentes econômicos de um determinado país.
O Produto Interno Bruto (PIB), que é o resultado da produção interna de todos os bens e serviços finais, representa o "faturamento" do país, ou seja, o preço médio de sua produção multiplicada pela quantidade produzida. A taxa de desemprego representa o custo pago pelo país ao manter um determinado contingente de trabalhadores na ociosidade. Já a inflação mede o aumento contínuo dos preços num determinado período, ou seja, mede a perda do poder de compra da moeda. O resultado do Balanço de Correntes representa o resultado das trocas internacionais entre o país e o resto do mundo, o que pode ser interpretado como a exportação líquida de riqueza para o exterior. O resultado fiscal do setor público representa a necessidade de financiamento que o aparato estatal necessita para seu funcionamento. A taxa básica real de juros de curto prazo representa o preço do aluguel do dinheiro no país. E assim por diante.
Diante disso, cabe perguntar: na economia brasileira, quais são os preços que estão fora de lugar? Ou que indicadores macroeconômicos destoam da média mundial?
Tomando como referência os últimos dados publicados pela revista "The Economist", verificamos que a média do crescimento do PIB esperado para 2008 é de 1,54% nos países desenvolvidos (Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, França, Japão, Inglaterra e Itália) e de 5,73% nos países em desenvolvimento, exceto Brasil (Argentina, Chile, China, Colômbia, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, México, Peru, Rússia e Turquia). Para o Brasil, espera-se um crescimento do PIB de 4,5% em 2008. O comportamento dele neste quesito não difere muito da média dos países em desenvolvimento e supera consideravelmente a média dos países desenvolvidos.
Quanto ao comportamento da inflação nos últimos 12 meses, os dados nos mostram que no grupo dos desenvolvidos foi registrada uma inflação média no varejo de 2,93%. E, no grupo dos emergentes (exceto Brasil), foi registrado um crescimento nos preços de 7,4%. A inflação no Brasil, nos últimos 12 meses atingiu 4,7%. Estamos, portanto, em situação bastante razoável neste quesito.
No que diz respeito ao índice de desemprego, os desenvolvidos registraram uma taxa de 6,31%; os emergentes (exceto Brasil) 7,95%; e o Brasil 8,7%. Também neste ponto, a nossa situação não está nada mal.
Relativo ao resultado em conta corrente como proporção do PIB, nos últimos 12 meses, os desenvolvidos apresentaram, em média, déficit de 1,26. Já os emergentes (exceto Brasil) apresentaram superávit de 1,06%. E o Brasil apresentou um déficit de 0,4%. Embora inferior ao resultado dos demais países emergentes, a situação das contas correntes brasileiras ainda não é preocupante.
O resultado fiscal nominal do setor público em relação ao PIB atingiu um déficit médio de 1,74% nos países desenvolvidos; um superávit médio de 0,11% nos emergentes (exceto Brasil); e um déficit de 1,8% no Brasil. Neste ponto, nossos resultados diferem significativamente dos países emergentes, porém se situa próximo daqueles dos países desenvolvidos.
Por fim, quando comparamos a taxa básica real de juros de curto prazo, isto é, a taxa básica de juros de curto prazo descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses, chegamos aos seguintes resultados: 0,84% ao ano nos países desenvolvidos; 0,90% ao ano nos países em desenvolvimento (exceto Brasil); e 6,73% ao ano no Brasil.
A análise comparativa nos mostra que há, de fato, um preço que está totalmente fora de lugar no Brasil. Um ponto totalmente fora da curva. Uma anomalia internacional. Trata-se da taxa real de juros, ou do preço do dinheiro, que no Brasil é cerca de 7 a 8 vezes mais caro que no resto do mundo. Será que todo o mundo está errado e o Brasil certo? Cabe ao Banco Central, órgão responsável pela política monetária no Brasil, responder esta questão.
Alcides Leite Domingues é professor de Mercado Financeiro da Trevisan Escola de Negócios
O spread nas operações bancárias no Brasil não tem paralelo no mundo
Carta IEDI n. 100 - Spread no Brasil e no Mundo

O spread nas operações bancárias no Brasil não tem paralelo no mundo. Spread é a diferença entre a taxa de aplicação nas operações de financiamento e a taxa de captação de recursos pelas instituições financeiras.
Segundo dados do FMI, o spread de 43,7 pontos percentuais ao ano no Brasil na média de 2003, é o maior entre 102 países com dados disponíveis. Considerando o spread apurado pelo Banco Central do Brasil para 2003, que é mais baixo - média de 31,9 pontos percentuais ao ano -, apenas o Paraguai tem spread superior ao brasileiro. Outros países com níveis também elevados, embora significativamente inferiores ao brasileiro (entre 12 e 20 pontos percentuais ao ano), são: São Tomé e Príncipe, Quirguistão, Congo, Mauricius, Argentina, Geórgia, Zâmbia, Bolívia, Armênia, Quênia e Venezuela.
Com relação a países emergentes com os quais o Brasil concorre no mundo do comércio e pela atração de capitais, a comparação pode ser resumida no seguinte resultado: o spread médio cobrado nas operações de crédito no país (de 31,9 pontos percentuais ao ano em 2003, segundo o conceito do BCB) é três vezes maior do que o mais alto spread dentre os demais principais países emergentes, no caso, a Rússia. Em comparação com países desenvolvidos, o spread brasileiro é muitas vezes superior.
Spread e lucro das instituições financeiras são coisas diferentes. O primeiro inclui o lucro, mas deve cobrir itens de custos, como os custos derivados do depósito compulsório dos bancos, custos operacionais das instituições (o custo de intermediação financeira, incluindo impostos) e o custo de inadimplência nos empréstimos.
No Brasil todos esses itens assumem valores muito elevados, seja em função da instabilidade da economia, seja de dificuldades das instituições financeiras na execução de garantias. Por outro lado, o baixo volume de crédito, os excessivos impostos sobre a intermediação bancária e os exagerados compulsórios, tornam cara a intermediação financeira e são fatores adicionais de muita importância. Em recente estudo, o FMI apontou a falta de uma maior concorrência no setor bancário como um fator a mais que explica o nível do spread brasileiro.
É muito urgente encaminhar uma real solução ao problema, pois estamos diante de uma situação do tipo “pior dos dois mundos”: no Brasil, ao lado de uma das maiores taxas básicas do mundo, vigora o maior spread mundial. Atualmente, o que explica as altas taxas de juros do crédito, é, destacadamente, o elevado spread, responsável por 2/3 da taxa final que o tomador de recursos paga no crédito. A alta taxa básica de captação responde por 1/3 da taxa final.  
Aos níveis atuais desses dois componentes, em termos reais, quem tomar um financiamento hoje no Brasil estará pagando, em média, 23,4% ao ano se for pessoa jurídica, 55,6% ao ano se for pessoa física e 37,5% ao ano na média global. São taxas incompatíveis, mesmo se comparadas aos melhores retornos de aplicações de investimentos na economia real, o que deprime o crescimento e o emprego na economia. Limitam, por outro lado, o acesso ao crédito e conseqüentemente aos bens de maior valor unitário por parte da ampla maioria da população.
A nova Lei de Falências e o cadastro positivo de crédito são, hoje, as principais ações do governo para promover a redução do spread nas operações de crédito. Essas necessárias medidas teriam resultados mais imediatos e duradouros se fossem acompanhadas de outras imprescindíveis ações, como: 
·  revisão dos tributos incidentes sobre a intermediação financeira;
·  redução significativa do depósito compulsório dos bancos;
·  ampliação da concorrência na oferta de crédito por meio dos bancos públicos e do estímulo à intermediação não-bancária e ao desenvolvimento do mercado de capitais.
Ver a seguir para mais informações sobre spreads no Brasil e no mundo.
Bancos brasileiros têm os maiores juros do mundo      

03 de março de 2006
Levantamento foi feito em 107 países
     Em nenhum lugar do mundo um empréstimo custa tão caro como no Brasil. Levantamento feito pelo jornal Folha de São Paulo a partir de dados de 107 países coletados pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) mostra que os juros cobrados pelos bancos brasileiros são os mais altos de todos.
     A lista foi feita com base nos juros praticados em cada país no segundo trimestre de 2005, já descontada a inflação acumulada nos 12 meses anteriores. Por esse método, chegou-se à taxa real cobrada pelos bancos -44,7% ao ano, no caso brasileiro.
No topo da lista, o Brasil tem a companhia de vários países africanos, como Angola (onde a taxa real média é de 43,7% ao ano), Gâmbia (juros reais de 31,8% ao ano), Gabão (18,2% ao ano) e Moçambique (14,7%). Entre os dez países cujos empréstimos são mais caros, seis são africanos.
       Do lado oposto, dois países latino-americanos aparecem entre os países em que os juros bancários são mais baixos. Na Argentina, a taxa real chega a ser negativa, porque os encargos cobrados pelos financiamentos (6% ao ano em junho de 2005) são menores do que a inflação (alta de 8,79% acumulada entre julho de 2004 e junho de 2005). Assim como a Argentina, outros cinco países aparecem na lista com taxa real negativa.
Na Venezuela, o custo médio de um empréstimo é de 0,2% ao ano, também já descontada a inflação. Pelos dados do FMI, até o Haiti possui uma taxa menor do que a brasileira: 13,1% ao ano.
      Se fosse feita uma média simples dos juros reais praticados pelos bancos nos 107 países da lista - sem considerar o peso que cada um tem na economia mundial- chegar-se-ia a uma taxa de 7,4% ao ano: esse seria o custo médio de um financiamento bancário no mundo. O que significaria dizer que, no Brasil, uma pessoa ou uma empresa paga quatro vezes mais do que no resto do planeta por um empréstimo.
Somente em cinco países -incluindo o Brasil- os juros reais médios dos financiamentos bancários superam os 20% ao ano. Dos 107 países analisados, 81 oferecem uma taxa menor que 10% ao ano.

Ver também:
 Revista Brasileira de Economia
Print version ISSN 0034-7140
Rev. Bras. Econ. vol.61 no.2 Rio de Janeiro Apr./June 2007
doi: 10.1590/S0034-71402007000200003 
Risco e competição bancária no Brasil*

Luiz Alberto D'Ávila de AraújoI, ; Paulo de Melo Jorge NetoII
IMestre em Economia pelo Curso de Pós-graduação em Economia – CAEN. Endereço: SBS Ed. Sede III – 13º andar – Diretoria Internacional – Banco do Brasil S.A. E-mail: davila@bb.com.br. Fone: (61) 3310-4464. Fax: (61) 3310-2444
IIProfessor do Curso de Pós-graduação em Economia – CAEN. PhD University of Illinois - EUA. Endereço: Av. da Universidade 2700, 2º andar. Fortaleza CE, 60020-181. E-mail: 
pjneto@caen.ufc.br. Fone: (85) 4009-7750. Fax: (85) 4009-7753




RESUMO
Diante dos dilemas de regulação bancária está a dicotomia entre liberalização, a qual induz maior competição, e estabilização do sistema financeiro. Neste contexto, este artigo investiga o relacionamento entre o nível de risco e o grau de competição bancária no Brasil, utilizando a estatística-H do modelo de Panzar & Rosse e o Índice de Basiléia, como medidas de competição e risco, respectivamente. Dada a relevância do debate, mensurou-se uma segunda medida de estrutura de mercado por meio do grau de concentração. Os resultados deste trabalho mostram que os bancos brasileiros operam em concorrência monopolista e que a competição implica numa maior exposição ao risco.
Palavras-chave: competição bancária; risco financeiro; regulação bancária.
Códigos JEL: D89; E61; G28.



Gestão com Base nos Critérios da Excelência
TERÇA-FEIRA, 9 DE MARÇO DE 2010

A FEBRABAN estará realizando em São Paulo, nos dias 05 e 06 de Abril de 2010, o curso Gestão com Base nos Critérios de Excelência. Tais critérios, trabalhados pela FNQ (Fundação Nacional de Qualidade) são 8: liderança, estratégias e planos, clientes, sociedade, informações e conhecimento, pessoas, processos e resultados. O curso tem um custo total de R$ 750,00 e a inscrição pode ser feita pelo sitehttp://www.febraban.org.br/educacao-curso.asp?modulo=Educação&id_tipoe=1&id_curso=336. As vagas são limitadas a 20 pessoas. Inscreva-se já.
Leia mais sobre a Gestão da Excelência no http://www.fnq.org.br/site/376/default.aspx
Marcadores: Bancos

Bancos Públicos cresceram a carteira de crédito em 31,1% em 2009 e os privados apenas 8,7%
QUINTA-FEIRA, 25 DE FEVEREIRO DE 2010


BRASÍLIA - O Banco Central mudou as projeções para o mercado de crédito e voltou a prever que os bancos públicos vão liderar a expansão dos empréstimos em 2010, exatamente como aconteceu em 2009. Estimativas apresentadas pelo chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Túlio Macedo, aumentaram a perspectiva de crescimento do crédito para instituições estatais e diminuíram para os privados. Assim, o crédito dos bancos públicos deve crescer novamente mais rápido que na concorrência.

No arquivo abaixo um interessante estudo sobre Competitividade e Sustentabilidade - Fatores Empresariais, Nacionais e Globais

COMPETITIVIDADE: O (DES)CAMINHO DA 
GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA

Dinizar Fermiano Becker 
Doutor em Economia pela Unicamp; coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento 
 Regional - Mestrado - da Unisc; professor da Faceat/Fates e presidente do Conselho de 
Desenvolvimento do Vale do Taquari - Codevat - gestão 95/97.

SINOPSE

O processo de desenvolvimento contemporâneo funda-se, mais do que nunca, no primado 
 do econômico. O acirramento da concorrência internacional tem exigido de empresas e 
nações reestruturação produtiva e econômica; a empresa retorna à cena como elemento básico 
 da competição. E, nessa condição, é a dinâmica do processo de concorrência intercapitalista 
que dá os referenciais da competitividade. Isso ocorre porque a competitividade se plasma 
 no âmbito do conjunto das empresas, vale dizer, no mercado como verdadeiro espaço de 
concorrência intercapitalista. No contexto da concorrência intercapitalista é que os espaços 
 nacionais, regionais, locais transformam-se em alternativas ao processo de valorização do 
capital financeiro transnacionalizado.

Palavras-chave: competitividade, globalização econômica, transnacionalização.